26 de fevereiro de 2011

"Minha Gráfica, Minha Vida" - Parte ll


Como vimos no último capítulo, com o oficial de Justiça no seu calcanhar para executar a ação de despejo contra seu jornal e seu parque gráfico, o “vilão” da nossa história teve mais uma de suas brilhantes idéias. Ele enviaria uma comitiva até o Paço Municipal levando a “bandeira da paz” para tentar sensibilizar o jovem prefeito advogado. Como ninguém se habilitou a encarar a empreitada, o escolhido por livre e espontânea pressão acabou sendo o experiente advogado do empresário, “mister” Teotônio Neto, profissional de fibra, sério e de fala suave. Para evitar que sua presença no local fosse registrada pelas lentes indiscretas do “Barbosinha”, “mister” Teotônio chegou bem cedo ao local, antes mesmo do galo cantar. Aparentemente calmo, o advogado esperou a prefeitura abrir suas portas e num piscar de olhos já estava na Procuradoria Jurídica Municipal. Sem prolongar muito o assunto, Teotônio Neto foi logo afirmando que seu patrão necessitava de um prazo de 100 dias para desocupar o imóvel ocupado ilegalmente. Ele justificou que devido às “dificuldades técnicas” todo o equipamento do patrão poderia sofrer maiores danos com a desocupação imediata. Enquanto o advogado do empresário tentava garantir mais 100 dias no local sem pagar aluguel, um outro advogado impetrava junto ao Tribunal de Justiça na capital mineira, mais um recurso contra a ação de despejo. Paralelo á tudo isso, na Câmara de Vereadores o popular “José dos Despachos” e o catireiro “Vaval Noite” discutiam uma maneira “saudável” e “democrática” de permitir que os ocupantes de áreas públicas pudessem fazer permutas com o poder público. Apesar da euforia do vereador catireiro, nenhuma brecha na lei foi encontrada. Apesar da “bandeira da paz” empunhada pelo advogado, a Procuradoria Jurídica foi enfática: “A única coisa que podemos fazer é ceder alguns caminhões para que seja feito o transporte do material que se encontra no imóvel. Mais que isso, somente a Justiça poderá fazer”, disse o procurador para desespero do porta-voz do empresário. Desolado com o fracasso, o empresário correu para o seu parque gráfico e mandou rodar aquele que poderia ser o último jornal impresso no imóvel do povo. E ele não perdoou. Na primeira página do jornal veio a seguinte manchete: “Prefeito quer despejo imediato do jornal”. De acordo com a Procuradoria Jurídica, até ás 18 horas daquela sexta-feira, 25, a ação de despejo deveria ser cumprida. Continua no próximo capítulo.

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