3 de dezembro de 2010

Imprensa Faminta

Na década de 80, cansado de convidar a imprensa itabirana para uma coletiva, o então presidente Milton Bueno resolveu mudar a tática. Toda vez que surgia um assunto de interesse público, o presidente Bueno fazia questão de pegar o telefone e convidar cada órgão de comunicação para um jantar na sede da entidade. Além de não faltar nenhum órgão de imprensa, alguns “profissionais” da comunicação ainda levavam á tira colo, a namorada, a noiva e até as esposas, a maioria delas, com um bloco, uma caneta, um gravador e até uma máquina fotográfica nas mãos. A tática do Milton Bueno também foi usada por um dono de uma banca do jogo do bicho, que para estar sempre de bem com a imprensa, ainda hoje convida os “artistas” da comunicação e seus pares para encontros regados á muita cerveja e churrasco. Em João Monlevade não é diferente. Sou testemunha de convites que são feitos á imprensa local para coletivas na prefeitura. Geralmente só três ou quatro é que marcam presença. E são sempre as mesmas caras. Já sabendo disso, a experiente vereadora e presidente do Legislativo resolveu inovar e criou um atrativo á mais para “capturar” pelo estômago, a faminta imprensa monlevadense. Dorinha Machado criou um espaço vip para os “profissionais” da comunicação, onde é servido o tradicional pão de queijo, café, suco e refrigerante. As reuniões que começam ás 15hs, toda quarta-feira, nunca foi tão prestigiada pelos nobres colegas da imprensa. Tem órgão de imprensa que chega a enviar até quatro repórteres de uma só vez. Outro detalhe, é que a imprensa sempre é a primeira a marcar presença na Casa do Povo. Ás vezes chegam até antes dos verdadeiros protagonistas, que são os vereadores. Dando uma de mané, perguntei a um repórter o motivo de se chegar tão cedo ás reuniões da Câmara de vereadores. “Zé Geraldo, tem um repórter de uma emissora de rádio que quando chega lá, avança como uma fera faminta no balaio de pão de queijo. Se deixar ele devora até o balaio. Dia desses um colega chegou a denunciá-lo junto á diretoria da Câmara que não tomou nenhuma providência”, relatou o colega. Outro fato interessante envolvendo a imprensa local é a já manjada “carteirada”. O “profissional” da imprensa monlevadense sempre agiu como se fosse um todo poderoso ator global, ou melhor, da Rede Globo de Televisão. Eles adoram os holofotes. Dia desses, um locutor da emissora do deputado compareceu a um sítio no Bairro Boa Vista onde acontecia um churrasco promovido por um dono de açougue. Cada convidado deveria pagar uma taxa de R$ 25,00, com direito ao churrasco e cerveja á vontade. Sem nenhum desconfiônmetro, o bacana chegou todo sorridente, bateu nos ombros do segurança e caminhou em direção á entrada. Sério e com a voz firme, o segurança exigiu a apresentação do convite, momento em que o locutor se virou e perguntou: “o senhor sabe com quem está falando?”. Eis que o segurança respondeu: “não sei com quem estou falando, mas o senhor está falando com o segurança do evento e aqui só entra quem comprar o ingresso”. Sem alternativa, o “todo poderoso” locutor da Cultura sacou a sua velha carteira de couro e retirou os R$ 25,00 para adquirir o seu convite. É mole ou quer mais?

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