28 de dezembro de 2010

Angústia e morte do deputado

Com sua metralhadora apontada e disparando 24 horas contra o governo Ronaldo Magalhães e contra o deputado Li, o dono da Liberdade-FM conseguiu, com maestria, colocar a população menos informada contra o deputado. Além de gritar bem alto que o deputado havia “roubado sua rádio”, Heitor Bragança também abriu seus microfones para os inimigos do deputado, dentre eles o então vereador Roberto Ferreira Chaves, que acusava o deputado Li de ter “passado a perna” em vários consorciados da empresa Pires e Alvarenga. Roberto Chaves e Heitor Bragança, em várias oportunidades se dirigiam ao Li como “deputado ladrão”. O ataque acabou rendendo mais um processo, dentre tantos, contra o dono da rádio pirata. Disposto a acabar com a carreira do deputado que buscava sua reeleição, Heitor Bragança Lemos resolveu se lançar candidato a deputado federal pelo PFL em 2002. Angustiado pelos ataques que vinha sofrendo através dos microfones da rádio pirata, o deputado Li Guerra mandou convidar o Heitor para uma reunião em sua residência no Bairro Penha. Pontualmente ás 10 da manhã de um sábado estávamos lá, eu, o Heitor, o Silvério Bragança e o deputado. Aparentemente nervoso pela situação, o Li tomou a palavra e garantiu que em momento algum roubou a rádio de ninguém. “A rádio que está pra sair não é a sua. A rádio que você está pleiteando é uma rádio comunitária. Criamos uma fundação para evitar que a rádio educativa fosse cair nas mãos de pessoas que não confiamos. Em momento algum agi de má fé com você. Você pode pegar o telefone agora e ligar para o Danilo Mota, lá em Brasília. Ele está com a sua documentação tentando liberar uma rádio comunitária para você”, tentava explicar o deputado. Percebendo o nervosismo do deputado, uma vez que o Heitor fazia cara de poucos amigos, Silvério Bragança também intercedeu para mostrar que o deputado não tinha nenhum interesse em prejudicar o dono da rádio pirata. Após ouvir as explicações o Heitor exigiu que o deputado passasse em seu nome a rádio EDUCATIVA. “Não posso fazer isso. Primeiro pelo fato de correr na Justiça Federal uma ação contra você por causa da sua rádio ilegal. Segundo porque a outorga é intransferível e o Ministério das Comunicações não permite isso”, justificou o deputado acrescentando: “se você quiser, eu entrego essa rádio EDUCATIVA, que não é a sua, em suas mãos para você explorá-la por dez anos. Não quero nem passar na porta dessa rádio. Estou fazendo isso pra te provar que não agi de má fé com você em momento algum”, concluiu. Com os olhos brilhando pela proposta recebida, Bragança perguntou: “qual a garantia que você vai me oferecer se eu aceitar a sua proposta?” O deputado foi enfático: “a minha palavra vale mais que qualquer garantia. Sou do tempo em que um fio do bigode valia mais que qualquer coisa”, respondeu Li Guerra. Aliviado pelo acerto ali dentro da sua sala, o deputado estendeu a mão e selou a paz com o dono da rádio pirata. Eram 12h05 quando deixamos a residência do deputado. Ás 12h30 o Heitor entrou no ar e detonou o deputado, dizendo que acabou de ter a certeza que o deputado havia roubado a sua rádio. “Estou vindo da casa do deputado e ele próprio me afirmou que ganhou uma emissora de rádio que foi colocada em nome da sua esposa Cândida. O deputado roubou a rádio Liberdade-FM”, resumiu. A partir daquele instante Heitor Bragança começou a fazer sua campanha para deputado federal com o objetivo único de acabar com a carreira política do deputado LI. Após a abertura das urnas Heitor Bragança conseguiu o que pouca gente acreditava. Ele obteve mais de 25 mil votos, enquanto o deputado Li Guerra não chegou a 15 mil votos entre os itabiranos. Abatido pelo golpe, Li passou a apresentar problemas de saúde vindo a falecer em novembro de 2003. Depois do estrago, Heitor Bragança se uniu ao PT, em seguida ao PV, onde detonou o governo Ronaldo Magalhães e posteriormente o governo João Izael. Pouco tempo depois conseguiu a outorga da sua rádio COMUNITÁRIA e retornou aos braços do João Izael, o mesmo que ele chamava de “João do Poste”. Coisas da política e de quem não tem vergonha na cara! O Li perdeu a vida, e o Heitor Bragança perdeu a credibilidade entre a população itabirana. Sua rádio, agora legalizada foi “arrendada” para evangélicos devido á pouca ou quase nenhuma  audiência. No atestado de óbito do deputado Li Guerra consta “insuficiência cardiorrespiratória”, porém, para muitos, a morte do parlamentar foi provocada pelo dono da rádio pirata, Heitor Bragança Lemos, que continua tendo trânsito livre dentro da Prefeitura de Itabira, junto dos ex-amigos do saudoso deputado Olímpio Pires Guerra.

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