28 de abril de 2011

A Maldição do Palhaço Rapadura


Conta-se que no pequeno município de “Tubiacangas” vivia um escrevinhador muito inteligente, carismático e determinado a conquistar o mundo através de suas escritas. Como em terra de cego quem tem um olho é rei, o nobre senhor resolveu investir no seu talento. Montou um veículo de informação, se infiltrou no meio da nata da política e passou a armazenar informações valiosas envolvendo a vida pessoal e a vida política das principais figuras do município. Através de seu extenso banco de dados, tinha nas mãos todo dossiê daquele que seria sua próxima vítima. Oferecia suporte e marketing político, e em alguns casos, até pesquisa de opinião pública, pesquisa essa, fabricada por si mesmo. Chegou a comandar “Tubiacangas” por um bom tempo. Sua palavra era uma ordem. Era temido pelos quatro cantos da região e usava suas escritas maliciosas para amedrontar políticos corruptos. Ganhou dinheiro, fama, teto próprio e muito respeito. Até que um dia um “Garoto Maluquinho” resolveu desbancar o todo poderoso. Para se aproximar da “fera” o “Garoto Maluquinho”, mesmo sabendo que o dito cujo não era confiável, resolveu contratá-lo a peso de ouro. Foram seis meses de “prestação de serviços”, e apesar do pagamento sempre em dia, o escrevinhador não poupava críticas ao seu “novo patrão” em seus artigos distribuídos pela cidade. Até que um dia o “Menino Maluquinho” resolveu colocar um basta naquilo tudo. Demitiu o “funcionário” e começou a tratá-lo a pão e água. E o ataque se multiplicou numa transloucada tentativa de amedrontar toda “meninada” do reino de “Tubiacangas”. Aos poucos os ataques foram caindo no ridículo e o povo passou a não mais acreditar naquele ex-todo poderoso. O tiro de misericórdia veio com a queda do império erguido num terreno público de “Tubiacangas”, que o juiz mandou devolver. Hoje, esse personagem, de meia idade, vive nos fundos de um circo onde trabalha como palhaço. Com o passar dos anos, e com uma diabete sempre nas alturas, o mau humor é seu único companheiro. Todas as noites, antes de entrar no seu “picadeiro” particular, ele pinta o rosto, ensaia alguns poemas e caminha com dificuldades até um canto do recinto onde se posta diante de  um pedaço de espelho pendurado na parede. É ali que ele se enxerga sem máscara, sem pintura e sem aplausos. É ali que ele volta ao passado e se vê entre canhões de luzes coloridas e truques de magia misturados a um humor sombrio. E aquela maldita voz brota do seu subconsciente: “era uma vez um “Palhaço Rapadura” que perdeu o dinheiro, o poder, a credibilidade, o respeito, a confiança e até o teto!” Era uma vez....! 

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