30 de junho de 2011

A diferença do ladrão rico e do ladrão pobre

No início da semana a Justiça concedeu um habeas corpus a um homem que havia furtado três cuecas e um par de meias no município de Alfenas, Sul de Minas. Tão logo cometeu o crime, o larápio foi preso, julgado e condenado a sete anos de xilindró. Por determinação da Justiça, o bacana permaneceu “apenas” 17 meses atrás das grades. Ele foi solto depois que o dono das cuecas retirou a queixa contra o mesmo, alegando que “as cuecas eram velhas e as meias estavam furadas”. Em João Monlevade, um ex-prefeito foi condenado a devolver aos cofres públicos uma “grana preta”, fruto de desvio de verba pública que foi usada para patrocinar festas para amigos e parentes. Esse mesmo político também foi denunciado por “lotear” a cidade e presentear amigos marqueteiros com imóveis público. Também foi denunciado pelo desaparecimento de um veículo, cinco mil vales transportes, onze computadores e por  vários outros crimes contra o patrimônio. Além de não devolver o  dinheiro, ele não ficou sequer um minuto atrás das grades. Como esse ex-prefeito, o “ladrão rico” pode desviar milhões de reais que deveriam ser investidos na saúde, na educação e na segurança,  para suas próprias contas bancárias. O ladrão pobre, como o de Alfenas, pode roubar uma carteira de um transeunte  na rua ou uma cueca no varal e ser preso em flagrante. No segundo caso a polícia estará lá para prender o negro, o pobre e o favelado. Mas cadê essa mesma polícia prendendo os grandes criminosos do colarinho branco? A infração do bandido miserável como o de Alfenas, é muito mais visível. Elas acontecem nos botecos, nos campos de futebol, nas ruas onde a polícia tem acesso. Já os crimes cometidos pelo bandido rico, como o ex-prefeito de Monlevade, sempre acontecem em reuniões fechadas, dentro de gabinetes com ar condicionado onde a polícia não tem acesso. Bandido é bandido! Mas um é rico e o outro é pobre. E sabemos que para o sistema jurídico penal do Brasil, isso faz muita diferença.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário