6 de dezembro de 2012

Quero voltar a confiar



“Fui criado com outros princípios, diferente do que se vê hoje em dia. Quando eu era pequeno, mães, pais, professores, avós, tios, idosos eram autoridades dignas de respeito e consideração. Parentes mais próximos e mais velhos eram sinônimos de mais afeto, mais respeito. Inimaginável se dirigir de forma mal educada aos mais velhos e autoridades. Confiávamos nos adultos porque todos eram pais, avós, tios ou mães dos colegas da rua ou do bairro onde morava. Tínhamos medo apenas do escuro e dos filmes de terror. Hoje me bateu uma tristeza infinita por tudo aquilo que perdemos. Por tudo o que um dia os meus netos enfrentarão. Pelo medo no olhar das crianças, dos jovens, dos velhos e dos adultos. Onde já se viu direitos humanos para criminosos sanguinários e deveres ilimitados para cidadãos honestos? Não levar vantagem em tudo significa ser idiota! Pagar dívida em dia é ser tonto! Anistia para corruptos e sonegadores! O que aconteceu conosco, com nossos princípios? Professores maltratados nas salas de aulas, comerciantes ameaçados por traficantes, grades nas nossas janelas e portas. Que valores são esses onde automóveis valem mais que abraços? Onde já se viu nossas filhas querendo uma cirurgia plástica como presente por terem passado de ano? É inconcebível celulares nas mochilas das crianças! O que vai querer em troca de um abraço? Hoje, a diversão vale mais que um diploma! A tela gigante vale mais que uma boa conversa! Mais vale uma maquiagem que um sorvete! Mais vale parecer que ser! Quando foi que tudo desapareceu e caiu no ridículo? Onde foi que nós erramos? Quero arrancar as grades de minha janela para poder tocar nas flores. Quero me sentar na varanda e dormir com a porta aberta nas noites de verão. Quero a honestidade como motivo de orgulho. Quero a vergonha na cara, quero a solidariedade, quero a retidão do caráter e poder olhar olho no olho. Quero de volta a esperança, a alegria, a confiança. Quero o retorno da verdadeira vida, transparente como a chuva, límpida como o céu da primavera, leve como a brisa da manhã e definitivamente bela como cada amanhecer. Quero ter de volta o meu mundo simples e comum onde existia amor, solidariedade e fraternidade como bases. Vamos voltar a ser gente, construir um mundo melhor, mais justo, mais humano, onde as pessoas respeitem as pessoas. Utopia, quem sabe? Vamos tentar, nossos filhos merecem e nossos netos nos agradecerão!”  

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